A Casa da Arquitectura apresenta, até 8 de março, a exposição “Kengo Kuma: Onomatopeia”, que adapta ao contexto português projetos desenvolvidos pelo arquiteto. O ateliê Kengo Kuma assina a cenografia e o projeto expositivo, reutilizando estruturas existentes num exercício de sustentabilidade e diálogo com o espaço.
Entre as peças em destaque encontra-se a «Casa de Chá Flutuante (Fuan)», que incorpora cortiça Corticeira Amorim na sua base. Inspirada na onomatopeia japonesa fuwa fuwa, que, segundo o arquiteto, é frequentemente utilizada para demonstrar leveza, traduz também a relação ambígua entre o ser humano e o ambiente.
Nesta instalação, a cortiça portuguesa agrega inovação e sustentabilidade à peça, transmitindo, ao mesmo tempo, suavidade: uma escolha que ecoa a filosofia de Kuma - a boa arquitetura, tal como o bom sushi, depende de “escolher o melhor material, do melhor lugar, na estação certa”. Aplicada nesta instalação, a cortiça materializa a visão de Kuma, representando a sustentabilidade, o humanismo e o diálogo intercultural entre Portugal e o Japão, reforçando a relação entre arquitetura, natureza e cultura material.
A exposição reúne 22 maquetas, 67 fotografias de 19 projetos, 13 desenhos e textos sobre onomatopeias, além de 7 instalações e 21 publicações, oferecendo ao público uma visão abrangente do universo criativo de Kengo Kuma.
Sobre a Exposição
“Kengo Kuma: Onomatopeia” promete afirmar-se como um dos grandes destaques do calendário cultural deste outono, oferecendo ao público a oportunidade de mergulhar no universo criativo de um dos arquitetos mais influentes da atualidade.
A mostra é acompanhada por um programa paralelo de atividades que convida a descobrir múltiplas expressões da cultura japonesa. Entre visitas guiadas, workshops, performances, concertos e cerimónias tradicionais, cada momento propõe um diálogo entre artes visuais, música, corpo e ritual.
As “onomatopeias” - palavras japonesas que refletem sons e movimentos - constituem o eixo conceptual da exposição. Inspiradas nessas expressões, que traduzem sensações físicas e emocionais, revelam a essência da arquitetura de Kuma e convidam o visitante a sentir a arquitetura através da matéria, da luz e do espaço: uma experiência sensorial que dispensa teorizações complexas.
Kengo Kuma, o Arquiteto
Arquiteto japonês nascido em Yokohama em 1954, Kuma cresceu durante o boom económico do pós-guerra no Japão. Prosseguiu investigação de pós-graduação na Columbia University, onde conheceu, em 1985, o historiador de arquitetura Kenneth Frampton. Os escritos de Frampton sobre regionalismo crítico, entendido como a mediação entre a linguagem universal da arquitetura moderna e o contexto geográfico particular de cada sítio, forneceram a base para a emergente ideologia arquitetónica de Kuma. Regressou ao Japão em 1986 e, em 1990, fundou a Kengo Kuma & Associates, atualmente uma multinacional com centenas de projetos distribuídos por vários continentes.
@ Constança Soutinho