As fachadas de Nina’s House estão inteiramente cobertas de cortiça, uma “pele” natural escolhida pela sua excelente performance enquanto isolamento, mas também pela sua beleza intrínseca e sustentabilidade. O projeto foi galardoado com o Prémio Ambiental 2025 da iniciativa “Don’t Move, Improve!” da New London Architecture (NLA), que distingue os mais inovadores projetos de reabilitação em Londres, e está na “shortlist” dos reputados prémios de arquitetura RIBA 2025. Assinado por Nina Woodcroft, do gabinete de design londrino Nina+Co em parceria com o atelier ROAR Architects, o projeto é uma reabilitação de uma casa adjacente a uma igreja, construída nos anos 70 do século XX, e começou por ser habitada pelo clero. Nos últimos 40 anos, a casa serviu de morada a uma família portuguesa, o que reforça ainda mais a ligação deste lugar a um material com a identidade da cortiça.
Todo o projeto foi concebido para ser energeticamente eficiente, privilegiando os materiais naturais, locais ou reciclados. Para além do revestimento exterior de cortiça, as paredes do interior incorporam grânulos de cortiça para reforçar o isolamento. Os esforços concentraram-se na infraestrutura, performance técnica e conforto, mas o projeto não deixa de impressionar pela sua estética, minimalista e suave, com pormenores como os remates arredondados na fachada de cortiça.
Fundado em 2014, o gabinete de design Nina+Co assenta a sua prática nos princípios do design sustentável e eticamente responsável. Aplica um “pensamento circular e materialidade radical”, em perfeita sintonia com um material 100% natural, reciclável e renovável como a cortiça.
Nina Woodcroft explica a escolha deste material: “As florestas de cortiça são áreas biodiversas, e um ótimo exemplo de agricultura regenerativa que vale a pena apoiar. O aglomerado de cortiça expandida, utilizado no isolamento, não tem qualquer aglutinante sintético adicionado - o processo de cozedura ativa os aglutinantes naturais da cortiça, pelo que se trata de um produto verdadeiramente natural com propriedades extremamente úteis”. Mas a designer também enfatiza as qualidades tácteis do material, e o seu efeito na experiência das pessoas: “Sinto-me enraizada e conectada nesta casa, por causa dos materiais naturais, creio. Sinto calor debaixo dos pés. A casa é envolvente e tranquilizante, como um pequeno retiro do mundo agitado lá fora”.